sábado, 3 de maio de 2008

Manhã pesada e cambaleante
Passos curtos e arrastados
Porta entreaberta
Paredes duras
Mãos seguras.
E aí estás tu…
Onde te toquei pela ultima vez
Onde te deixei fora de ti
Onde te possuí
Húmida… deslumbrante.

Tu que me espezinhas,
E fazes tentar mais que as minhas capacidades permitem.
Tu que me fazes louco desinibido.
Tu que indirectamente me empurras ao chão e me acompanhas
Tu que nem desdenhas…

Mas quem és tu?
Quem és tu que sem a tua essência
Te tornas simples e vulgar?
Quem és tu que te tornas comum a todas as outras?
Essas outras que caem em bocas que não a minha.
Que se deitam nas de homens de todos os tipos e formas
Sem regras nem normas.

O que interessa é a essência.
Usada…
Possuída por uma vez
Ou aos poucos.
Por loucos e outros.
Sim…
És tu.
Pertence daqueles que te sabem levar.
Aos quais pregas partidas
Aos muitos que deixas de rastos.
Serei eu um dos loucos?
Serei eu a consumir-te
Ou tu a consumir me aos poucos?
És de todos e não és de ninguém.
Não tens vontade própria
mas é feita a tua vontade.
És de quem te compra.
És escrava
Não és senhora de ti

E ainda assim és “libre”

CUBA



Filipe Quintã in “escondido no fundo do copo” (Baião 2006)

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