sábado, 16 de março de 2013

Afectos e outras demências

Vou ficando, vou ficando
Vou me acostumando
e vou tornando o útil parte do indispensável
Começa a ser familiar o intruso
que nos afasta de nós próprios.
Que nos tira da rotina connosco mesmos.
Acaba-se a rotina e começa-se A rotina.
Não há mais encontros desmotivados de conversas supérfluas.
Acabam-se as descobertas e os descobrimentos.
Prende-mo-nos aos afectos e perdemos os afectos.
Prende-mo-nos à vida de quadrado
E perdemos a tanta vida que há lá fora.

Filipe Quintã (Porto 2011)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Musa


Seguro a caneta
Espero que chegue a musa.
Que se ponha na minha frente
e desaperte a blusa.
Hoje está atrasada
e a sala está deserta.
Talvez se tenha perdido
Na cama de outro poeta.

Que dura é a vida de uma musa!
Sempre tão puta.
Sempre tão confusa.

Quino (in mais 3 folhas em branco) (Porto 2013)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Oportunidade

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 Filipe Quintã (algures 2011)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um Caminho Uma Vida



Como uma longa caminhada
Um a seguir ao outro
Passo a passo
Um percalço
Uma queda
Um salto
Dois passos com o mesmo pé
Um bailado
E lá se vai outro.

Os primeiros bem longos
Que tardam.
Que cada vez se tornam mais curtos
Tão poucos e já são vinte
A teenage já era.
E num piscar de olhos
O quarto bate á porta.

Filipe Quintã (in largos dias tem 20 anos)(Porto 2010)

AH AH! PARABENS PUMPKIN
Faz do caminhar o teu caminho, não esperes que este seja fácil, a dificuldade aguça o engenho e as coisas difíceis têm outro sabor!
(=
Un petit bisou pour toi



A vida tem altos e baixos.
Sê gentil com quem encontrares na subida.

Vão ser os mesmo que vais encontrar se um dia precisares de descer.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Filha de duas mães



A noite era fria
O mar parecia zangado
E eu adiantado como sempre.
Mas os homens foram feitos para esperar.
O café estava meio cheio, meio vazio,
Como um copo de whisky
que não me tocaria nessa noite.

Café com sorrisos e palavras mal medidas.
Gargalhadas a criticas debruçadas na mesa do lado.
A camisola destemida em tons de rosa
Do rapaz que de bonito tinha apenas a vizinha da esquerda.

As histórias das nossas vidas
Que faziam a noite apetecer
E aceleravam desenfreadamente os ponteiros do relógio
Ate os compromissos matinais cessarem o momento.


Par de horas hoje especialmente recordadas
na melhor maneira encontrada de agradecer as tuas mães.

Filipe Quintã (Porto 2009)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Maquinavelico




O pescoço sustenta o peso da máquina que faz girar o mundo
Infelizmente a minha é obtusa e antiquada
Sem capacidade de criação de novos mundos
E sem oportunidade de alteração significativa do corrente.

O mesmo não acontece por aí caro Quintã
Onde a originalidade abunda em máquinas de novos tempos
Onde existem mundos paralelos cheios de becos e encruzilhadas
E onde os residentes são únicos e voam com o vento…

Remodelação auto-visual de organização e adulteração de factos

Acto tresloucado de quem desdiz o que disse com novos dizeres…

D.D.D.

Ernesto Soares (in Cartas sem-abrigo) (Baião 2009)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Invisible



sometimes i feel alone
like a ghost in this world.

i try so hard not to care who you are with
or what you are doing
but thoughts of you flood my mind
i've never felt this way before
and i don't know how to stop it
but for now i'll stand at a distance
staring into the world around you.

everything is a blur

you're the only thing that comes into focus


Philip Farm'ã (Oporto 2009)

domingo, 19 de abril de 2009

Felicidade Momentânea




Sou feliz quando te sinto o respirar
Quando me beijas na testa
Quando o teu sorriso cresce e me faz sorrir
Adoro quando me olhas daquele jeito
Harmonioso e pacífico
Adoro aquele abraço forte e envolvente
Que me prende a ti.
Adoro sentir as tuas mãos, seguras
E os teus braços acolhedores,
em volta de mim.
Sou feliz quando sinto o toque doce dos teus lábios
O aroma suave da tua pele
E a delicadeza dos teus movimentos.
Sou feliz até quando te vais
E me deixas no desejo…

Maria dos Santos (in "tantas Marias há no mundo") (Ermesinde 2009)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Phill Good





Mais um irmão que parte sem despedida
E tanta coisa que ficou por dizer…
Tanta alma desprezível que pouca ou nenhuma falta faria
E porque te leva a ti que tanta saudade deixas?!
Crentes, é este o Deus que vocês rezam?!

Tanta vida em ti, tanta paz e amor
Tanta harmonia e boas vibrações
E agora tanto vazio
Tanta falta desse sorriso
Sorriso roubado ao mundo
Um sorriso que ficará para sempre
Um olhar que ficará para sempre
Uma presença que ficará para sempre
Em todos os que tiveram o prazer de partilhar vida contigo


Mano Filipe, ainda te devo um copo…

Filipe Quintã (Ermesinde 2009)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Wasabi




Sentei-me e fechei os olhos.

Acordei num sonho lúcido junto a ti.

Nada havia para além daquele momento

Deliciados um no outro

Revitalizando vontades e desejos

Indiferentes a presenças e ausências

Num pequeno mundo só nosso

Entre o logo ali e o longe demais.



Filipe Quintã (Maia 2009)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

inculpado



Vem...
vem acusar-me de todos os erros
não me acuses apenas dos que eu cometi
quero que me acuses de todos
assim haverá apenas um culpado
uma única pessoa a carregar um único fardo

vem...
vem dizer-me que te enganei vezes sem conta
diz-me ao ouvido
baixinho
como se estivesses a falar só para mim

podes vir...
terei prazer em receber te minha querida
escutarei todas as tuas reclamações
mesmo não tendo tu fundamentos para as fazer

vem...
aconchega-te nos meus braços
mistura-te comigo
esquece o que está para lá de mim
perde-te no desejo
olha-me nos olhos
e diz ao mundo quanto ódio me tens

podes vir...
diz em voz alta que sou desprezível
que me escondo no meu eu
e que sou uma reles imitação de mim próprio

vem...
vem errar
erra tanto ou mais que eu.
Não tenhas medo
afinal de contas
temos o culpado do costume

também gosto de ti

cabra


Jorge Da Silva (in “costas largas”) (Porto 2009)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

carta I




E esse sentimento de culpa, que te passeia de um lado para o outro?!
Que te deixa acordado a pensar num outro caminho que não tomaste
Aquele ou o outro, dos quais nunca conhecerás o destino
Seria provavelmente melhor, não seria?
O caminho tortuoso e desajeitado que escolheste só te levou até aí.
Precisamente até meio caminho de lado nenhum.
Acordas todos os dias com a mesma sensação de insatisfação
E todos os dias te deitas sem mexer uma única palha para muda tal sentimento

Acorda caro amigo, acorda e mostra que ainda aí estás
Mostra a toda a essa gente mesquinha que o céu e o inferno são cá na terra
A vida tira bens preciosos, mas retribui com bens maiores
Pode ser tarde para escolher outro caminho
Mas nunca é tarde para mudar de rumo

A vida tem duas caras
A opinião dos outros e a opinião que tens de ti.
Nunca tentes mudar o mundo
Muda a tua maneira de estar nele
Perde tempo a pensar
Questiona-te a cada passo.
Encontra em ti todas as respostas e duvida delas…


Porque quando pensamos saber todas as respostas…
Vem a vida…

E muda-nos as perguntas.


Ernesto Soares (in "cartas sem-abrigo")(Baião 2008)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um raio de sol




Um raio de sol que acordou
Um raio de sol que levantou
Um raio de sol que vestiu
Um raio de sol que acompanhou

Um raio de sol que riu
Um raio de sol que ouviu
Um raio de sol que falou
Um raio de sol que sentiu

Um raio de sol que sentou
Um raio de sol que tocou
Um raio de sol que sorriu
Um raio de sol que saiu

Filipe Quintã (in “há muito que um domingo não brilhava assim”) (Porto 2008)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Tudo chega ao fim



Tudo parece uma sombra daquilo que foi outrora

É tudo tão sem sabor.
Tão desinteressante.
Tão sem brilho.

A brisa que trazia o sabor da maresia
hoje traz apenas o som do bater incessante das ondas
nesta deserta praia.
Onde os pequenos grãos banhados de sal
perderam a consistência que os mantinha unidos.


desmoronou-se o pequeno castelo de areia
e com ele caiu o sonho
de quem pouco dorme.

Filipe Quintã (Ermesinde 2008)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Lugar da Tua Ausência II



os olhos mostram a cor ao mundo
a boca esboça o desalento de uma vida
no ouvido sente-se o silencio duma noite
e na pele o toque suave da tua ausência

os meus olhos vêm nos teus
um novo outono
novos dias castanhos
sem sorrisos

são dias curtos e as noites são frias
são noites longas e mal dormidas

são tempos mortos
que me matam


'porque o Homem morre
quando o seu sorriso morre

Filipe Quintã (Ermesinde 2008)