terça-feira, 26 de maio de 2009

Filha de duas mães



A noite era fria
O mar parecia zangado
E eu adiantado como sempre.
Mas os homens foram feitos para esperar.
O café estava meio cheio, meio vazio,
Como um copo de whisky
que não me tocaria nessa noite.

Café com sorrisos e palavras mal medidas.
Gargalhadas a criticas debruçadas na mesa do lado.
A camisola destemida em tons de rosa
Do rapaz que de bonito tinha apenas a vizinha da esquerda.

As histórias das nossas vidas
Que faziam a noite apetecer
E aceleravam desenfreadamente os ponteiros do relógio
Ate os compromissos matinais cessarem o momento.


Par de horas hoje especialmente recordadas
na melhor maneira encontrada de agradecer as tuas mães.

Filipe Quintã (Porto 2009)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Maquinavelico




O pescoço sustenta o peso da máquina que faz girar o mundo
Infelizmente a minha é obtusa e antiquada
Sem capacidade de criação de novos mundos
E sem oportunidade de alteração significativa do corrente.

O mesmo não acontece por aí caro Quintã
Onde a originalidade abunda em máquinas de novos tempos
Onde existem mundos paralelos cheios de becos e encruzilhadas
E onde os residentes são únicos e voam com o vento…

Remodelação auto-visual de organização e adulteração de factos

Acto tresloucado de quem desdiz o que disse com novos dizeres…

D.D.D.

Ernesto Soares (in Cartas sem-abrigo) (Baião 2009)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Invisible



sometimes i feel alone
like a ghost in this world.

i try so hard not to care who you are with
or what you are doing
but thoughts of you flood my mind
i've never felt this way before
and i don't know how to stop it
but for now i'll stand at a distance
staring into the world around you.

everything is a blur

you're the only thing that comes into focus


Philip Farm'ã (Oporto 2009)

domingo, 19 de abril de 2009

Felicidade Momentânea




Sou feliz quando te sinto o respirar
Quando me beijas na testa
Quando o teu sorriso cresce e me faz sorrir
Adoro quando me olhas daquele jeito
Harmonioso e pacífico
Adoro aquele abraço forte e envolvente
Que me prende a ti.
Adoro sentir as tuas mãos, seguras
E os teus braços acolhedores,
em volta de mim.
Sou feliz quando sinto o toque doce dos teus lábios
O aroma suave da tua pele
E a delicadeza dos teus movimentos.
Sou feliz até quando te vais
E me deixas no desejo…

Maria dos Santos (in "tantas Marias há no mundo") (Ermesinde 2009)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Phill Good





Mais um irmão que parte sem despedida
E tanta coisa que ficou por dizer…
Tanta alma desprezível que pouca ou nenhuma falta faria
E porque te leva a ti que tanta saudade deixas?!
Crentes, é este o Deus que vocês rezam?!

Tanta vida em ti, tanta paz e amor
Tanta harmonia e boas vibrações
E agora tanto vazio
Tanta falta desse sorriso
Sorriso roubado ao mundo
Um sorriso que ficará para sempre
Um olhar que ficará para sempre
Uma presença que ficará para sempre
Em todos os que tiveram o prazer de partilhar vida contigo


Mano Filipe, ainda te devo um copo…

Filipe Quintã (Ermesinde 2009)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Wasabi




Sentei-me e fechei os olhos.

Acordei num sonho lúcido junto a ti.

Nada havia para além daquele momento

Deliciados um no outro

Revitalizando vontades e desejos

Indiferentes a presenças e ausências

Num pequeno mundo só nosso

Entre o logo ali e o longe demais.



Filipe Quintã (Maia 2009)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

inculpado



Vem...
vem acusar-me de todos os erros
não me acuses apenas dos que eu cometi
quero que me acuses de todos
assim haverá apenas um culpado
uma única pessoa a carregar um único fardo

vem...
vem dizer-me que te enganei vezes sem conta
diz-me ao ouvido
baixinho
como se estivesses a falar só para mim

podes vir...
terei prazer em receber te minha querida
escutarei todas as tuas reclamações
mesmo não tendo tu fundamentos para as fazer

vem...
aconchega-te nos meus braços
mistura-te comigo
esquece o que está para lá de mim
perde-te no desejo
olha-me nos olhos
e diz ao mundo quanto ódio me tens

podes vir...
diz em voz alta que sou desprezível
que me escondo no meu eu
e que sou uma reles imitação de mim próprio

vem...
vem errar
erra tanto ou mais que eu.
Não tenhas medo
afinal de contas
temos o culpado do costume

também gosto de ti

cabra


Jorge Da Silva (in “costas largas”) (Porto 2009)